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terça-feira, 19 de abril de 2011

Planaltina: 150 anos de história

DFTV 1ª Edição > 19/04/2011 > Reportagem

 
Cidade ainda preserva casarões do século XIX e tradições que resistem ao tempo, como as cavalgadas. Em Arapoanga, a falta de infraestrutura prejudica 30 mil moradores.
 

 
 
A Redação Móvel mora essa semana em Planaltina, que seguiu o caminho contrário ao de muitas cidades brasileiras: era município e perdeu a autonomia política ao ser incorporada ao Distrito Federal. Apesar de ter perdido a autonomia, muitos aspectos da tradição e da história da cidade se mantiveram.

Ao chegar a Planaltina, percebemos as diferenças em relação a outros lugares do DF: na cidade de 151 anos ainda há antigos casarões e objetos de outros tempos. “Ela volta a um tempo do final da mineração aqui nessa região, em Luziânia e Formosa. Essas minerações surgiram em 1730 até 1740, quando já estava no esgotamento dessas minas. Em 1780, surgiram as primeiras casas em Planaltina e as primeiras famílias também”, relata o historiador Mário Castro.

A cidade tem a igreja mais antiga do DF. No início do século XIX, as pessoas que viviam em Planaltina, principalmente os escravos, foram atacadas por uma epidemia. Buscando a cura, eles fizeram uma promessa a São Sebastião: se melhorassem, construiriam uma capela. E foi o que aconteceu.

A primeira versão foi feita em 1811 em palha e taipa. Depois, até o final do século veio a construção definitiva. Os historiadores divergem sobre a data precisa do final da construção, mas ela foi entre 1870 e 1890. Há 29 anos, a Igreja de São Sebastião foi tombada. Para ajudar a preservar todo esse patrimônio, os moradores se uniram e criaram uma associação.

“É possível até retornar as fachadas. Você pode olhar que algumas casas ainda mantêm aroeira. Então é possível retornar isso aí, fazendo com que o proprietário esteja dentro e que também tenha um retorno financeiro. A gente precisa de políticas públicas de incentivo para que ele mantenha aquela casa e que não seja uma casa velha que tenha que destruir e plantar ali um prédio. O importante é preservar esse estado bucólico, esse formato que tem em Planaltina - e só Planaltina tem isso. Em Brasília toda, só Planaltina tem isso”, conta Simone Macedo, presidente da Associação dos Amigos do Centro de Planaltina.

“Antigamente as pessoas não valorizavam o antigo, achavam feio, velho. Brasília tinha que ser aquela coisa moderna, achavam estranho. Mas hoje eu vejo que a reação é bem diferente, hoje as pessoas gostam”, completa a professora Marise de Melo.

As ruas não são caracterizadas por números, como estamos acostumados a ver em todo o DF: elas têm nomes como, por exemplo, Avenida Goiás. As tradições estão também no campo. A equipe da Redação Móvel foi convidada para um jantar que reuniu cavaleiros que saíram de Cabeceiras, em Minas Gerais, em direção ao centro de Brasília – e Planaltina é parada obrigatória.

“Nós somos de Planaltina e temos cavalo correndo no sangue da gente também, a gente ama os cavalos. Todos nós temos cavalos, gostamos de andar a cavalo. É uma família. Planaltina tem na tradição, na sua raiz, na sua história, andar a cavalo com os seus familiares e os seus amigos. A gente não quer que isso morra, a gente quer que isso perpetue”, diz a professora Lucíola Boaventura.

Mas a histórica Planaltina convive com os mesmos problemas das outras cidades do DF. Em Arapoanga a falta de infraestrutura afeta a qualidade de vida dos 30 mil moradores. “Aqui falta asfalto, falta segurança, falta esgoto e principalmente falta que os nossos governantes venham dar uma olhadinha. Temos criança que precisa de escola, não temos. Precisamos de transporte, não temos”, destaca a empresária Patrícia Nunes.

Sobre os problemas relatados pelos moradores do Arapoanga, a Administração Regional de Planaltina informou que, a partir da regularização do setor, será possível concluir as obras de saneamento e asfalto, mas não deu prazo. Quanto ao mato alto, a administração diz que é responsável somente pela roçagem das áreas públicas.

No Setor Tradicional de Planaltina, o problema é a conservação de construções históricas. Confira no vídeo como os moradores estão se mobilizando para preservar algumas delas.

Reportagem: Luísa Doyle
Imagens: Rafael Sobrinho
Auxiliar técnico: Cláudio Rubens
Produção: Vitor Matos
Edição: Roberta Paz e Thiago Mota

http://dftv.globo.com/Jornalismo/DFTV/0,,MUL1659660-10039,00-PLANALTINA+ANOS+DE+HISTORIA.html



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