13/12/09 -
22h54
- Atualizado em
13/12/09 -
23h03
Com microcâmera, equipe visita casa onde jogo é sorteado em MS.
Motoqueiros levam papéis com resultados às bancas do jogo ilegal.
Motoqueiros levam papéis com resultados às bancas do jogo ilegal.
Com uma microcâmera o Fantástico entrou na sede do jogo do bicho
de Mato Grosso do Sul. Havia cerca de 30 pessoas no local. Umas
acompanhando tudo com atenção. Outras aguardando o resultado
final enquanto jogavam sinuca. Em um canto da casa está
instalado o cofre do grupo. Os sorteios ocorrem diariamente e o
resultado vale para todo o Estado.
Durante duas semanas, o Fantástico investigou o jogo clandestino mais famoso do país. Em São Paulo, por exemplo, a reportagem constatou que as apostas ocorrem livremente em vários lugares. As bancas funcionam em pontos sem nenhuma identificação e também em comércios regularizados, como uma casa lotérica flagrada pelo Fantástico.
Em muitas bancas do jogo do bicho, o bloco de papel foi substituído pelo computador. Questionado se tudo está informatizado agora, o comandante de um dos pontos do jogo de bicho respondeu: “é, boa parte dos lugares. Um ou outro que ainda é papelzinho.”
“Historicamente, [o jogo do bicho] é visto como uma infração inofensiva. Quando na verdade é exatamente o contrário. Atrás do jogo do bicho vem muita e muita infração penal muito séria”, disse o promotor de Justiça Wellington Santos Veloso.
Durante duas semanas, o Fantástico investigou o jogo clandestino mais famoso do país. Em São Paulo, por exemplo, a reportagem constatou que as apostas ocorrem livremente em vários lugares. As bancas funcionam em pontos sem nenhuma identificação e também em comércios regularizados, como uma casa lotérica flagrada pelo Fantástico.
Em muitas bancas do jogo do bicho, o bloco de papel foi substituído pelo computador. Questionado se tudo está informatizado agora, o comandante de um dos pontos do jogo de bicho respondeu: “é, boa parte dos lugares. Um ou outro que ainda é papelzinho.”
“Historicamente, [o jogo do bicho] é visto como uma infração inofensiva. Quando na verdade é exatamente o contrário. Atrás do jogo do bicho vem muita e muita infração penal muito séria”, disse o promotor de Justiça Wellington Santos Veloso.
Assembleia Legislativa
A equipe do Fantástico foi a um prédio público onde se discutem
projetos e são criadas leis para os milhões de habitantes de
Mato Grosso do Sul. Na Assembleia Legislativa do Estado, em
Campo Grande, os produtores do Fantástico procuraram por um
homem chamado Gumercindo, apontado como o bicheiro da
Assembleia. O apelido dele é Gugu.
Ele foi localizado no gabinete de um deputado. Ao encontrá-lo, o produtor deixa claro o que quer. “Vamos fazer um joguinho?”, perguntou. Ele então o levou a uma pequena sala, onde fica o escritório do jogo do bicho dentro da Assembleia, na companhia de um apostador.
O bicheiro fala tranquilamente sobre o que faz no local. “Trabalho aqui. [Sou] segurança. Mas faço jogo, já”, disse. Perguntado se fica sempre na Assembleia, ele confirma. “To. to direto. De manhã e à tarde.”
Segundo a assessoria da Assembléia, o bicheiro não é funcionário da Casa. Quando sabia que estava sendo gravado, ele negou tudo. Gugu responde que não faz jogo dentro da Assembleia. “Eu vendo loteria esportiva. Faço bolão da Mega-Sena.”
O bicheiro usa um crachá de visitante, com o nome do presidente da Assembleia. “Pra mim, isso é desconhecido. Além de ser um absurdo e eu não ter conhecimento disso, eu vou solicitar a nossa segurança da Assembleia Legislativa, a Presidência vai tomar medidas em relação a isso”, garantiu o deputado estadual Jerson Domingos, presidente da Assembléia.
Ele foi localizado no gabinete de um deputado. Ao encontrá-lo, o produtor deixa claro o que quer. “Vamos fazer um joguinho?”, perguntou. Ele então o levou a uma pequena sala, onde fica o escritório do jogo do bicho dentro da Assembleia, na companhia de um apostador.
O bicheiro fala tranquilamente sobre o que faz no local. “Trabalho aqui. [Sou] segurança. Mas faço jogo, já”, disse. Perguntado se fica sempre na Assembleia, ele confirma. “To. to direto. De manhã e à tarde.”
Segundo a assessoria da Assembléia, o bicheiro não é funcionário da Casa. Quando sabia que estava sendo gravado, ele negou tudo. Gugu responde que não faz jogo dentro da Assembleia. “Eu vendo loteria esportiva. Faço bolão da Mega-Sena.”
O bicheiro usa um crachá de visitante, com o nome do presidente da Assembleia. “Pra mim, isso é desconhecido. Além de ser um absurdo e eu não ter conhecimento disso, eu vou solicitar a nossa segurança da Assembleia Legislativa, a Presidência vai tomar medidas em relação a isso”, garantiu o deputado estadual Jerson Domingos, presidente da Assembléia.
Sede do jogo do bicho
A casa onde todos os dias são sorteados os números do jogo do
bicho no Estado de Mato Grosso do Sul fica em um bairro
tradicional de Campo Grande. Não tem nenhum tipo de
identificação. A única coisa que chama a atenção é o entra e sai
de motoqueiros. São eles que levam o dinheiro das apostas e
divulgam o resultado do sorteio, que acontece duas vezes ao dia.
Em menos de quatro minutos, saem os números correspondentes do
quinto ao primeiro prêmio.
O sorteio é semelhante em todo o Brasil. Para se chegar ao número premiado, é preciso inverter a ordem das bolinhas sorteadas. E para saber qual o bicho ganhador, valem os dois números finais. O número 30, por exemplo, é o camelo. Um grupo que acompanha o sorteio se encarrega de carimbar os resultados.
Na sequência, os motoqueiros levam os papéis com esses resultados às bancas do jogo ilegal. No dia seguinte, a reportagem voltou ao local. “A gente pode acompanhar o sorteio do jogo do bicho”, questiona a equipe. “Olha, não sei não. Tem que ver. Não, né? Eu não mando nada aqui”, diz um homem. A reportagem então pergunta se o sorteio do jogo do bicho funciona no local. “Não. Não é aqui não”, responde o homem.
Depois da saída da equipe do Fantástico, um homem vai embora com um malote e os motoqueiros deixam o local. Quem promove o jogo do bicho dificilmente vai parar na cadeia. O máximo que pode acontecer, segundo a polícia e o Ministério Público, é o pagamento de algumas cestas básicas. Mas em Sorocaba, interior paulista, uma investigação teve um resultado diferente.
O sorteio é semelhante em todo o Brasil. Para se chegar ao número premiado, é preciso inverter a ordem das bolinhas sorteadas. E para saber qual o bicho ganhador, valem os dois números finais. O número 30, por exemplo, é o camelo. Um grupo que acompanha o sorteio se encarrega de carimbar os resultados.
Na sequência, os motoqueiros levam os papéis com esses resultados às bancas do jogo ilegal. No dia seguinte, a reportagem voltou ao local. “A gente pode acompanhar o sorteio do jogo do bicho”, questiona a equipe. “Olha, não sei não. Tem que ver. Não, né? Eu não mando nada aqui”, diz um homem. A reportagem então pergunta se o sorteio do jogo do bicho funciona no local. “Não. Não é aqui não”, responde o homem.
Depois da saída da equipe do Fantástico, um homem vai embora com um malote e os motoqueiros deixam o local. Quem promove o jogo do bicho dificilmente vai parar na cadeia. O máximo que pode acontecer, segundo a polícia e o Ministério Público, é o pagamento de algumas cestas básicas. Mas em Sorocaba, interior paulista, uma investigação teve um resultado diferente.
Prisões
Em agosto, sete pessoas foram presas, acusadas de envolvimento
com o jogo do bicho e também com lavagem de dinheiro e formação
de quadrilha. “Tudo isso com a conivência e a corrupção de
agentes públicos e a proximidade de agentes políticos. Essas
pessoas agiam de forma verdadeiramente empresarial. Era uma
sociedade empresarial criminosa”, disse o promotor de Justiça
Wellington Santos Veloso.
De acordo com o delegado Wilson Negrão, o jogo migrou não só para o caça níquel, mas também para cassinos clandestinos. Ele destaca que, por trás do jogo, existe uma quadrilha e um crime organizado.
A investigação apontou que Nitamar Bernardino da Silva era o bicheiro que chefiava o esquema em várias cidades de São Paulo. Ele é apontado como um homem violento, que anda armado. O bicheiro, de 59 anos, está foragido. Ele chegava a estudar cenas do filme o “Poderoso Chefão” para saber como age um mafioso.
Nitamar da Silva se diz um bicheiro das antigas: gosta de usar objetos de ouro. Em um telefonema rastreado, ele encomenda uma joia. Mesmo procurado pela polícia, Nitamar continua agindo. O Fantástico flagrou pessoas ligadas a ele fazendo apostas do jogo do bicho.
De acordo com a investigação, Nitamar da Silva movimenta quase R$ 1 milhão por mês. Se ele for preso e condenado, pode ficar seis anos na cadeia. “O jogo do bicho, há muito tempo, deveria ser tratado com mais rigor pela nossa legislação”, considera o promotor Wellington Veloso.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Paulo Cassiano Júnior, aquele que pratica o jogo do bicho acaba por contribuir com diversas outras atividades criminosas que trazem um grande prejuízo para a sociedade. “A tolerância social ao jogo serve como combustível para que o jogo ainda sobreviva depois de tanto tempo”, afirmou o delegado.
De acordo com o delegado Wilson Negrão, o jogo migrou não só para o caça níquel, mas também para cassinos clandestinos. Ele destaca que, por trás do jogo, existe uma quadrilha e um crime organizado.
A investigação apontou que Nitamar Bernardino da Silva era o bicheiro que chefiava o esquema em várias cidades de São Paulo. Ele é apontado como um homem violento, que anda armado. O bicheiro, de 59 anos, está foragido. Ele chegava a estudar cenas do filme o “Poderoso Chefão” para saber como age um mafioso.
Nitamar da Silva se diz um bicheiro das antigas: gosta de usar objetos de ouro. Em um telefonema rastreado, ele encomenda uma joia. Mesmo procurado pela polícia, Nitamar continua agindo. O Fantástico flagrou pessoas ligadas a ele fazendo apostas do jogo do bicho.
De acordo com a investigação, Nitamar da Silva movimenta quase R$ 1 milhão por mês. Se ele for preso e condenado, pode ficar seis anos na cadeia. “O jogo do bicho, há muito tempo, deveria ser tratado com mais rigor pela nossa legislação”, considera o promotor Wellington Veloso.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Paulo Cassiano Júnior, aquele que pratica o jogo do bicho acaba por contribuir com diversas outras atividades criminosas que trazem um grande prejuízo para a sociedade. “A tolerância social ao jogo serve como combustível para que o jogo ainda sobreviva depois de tanto tempo”, afirmou o delegado.
# FONTE: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1413765-5598,00-FANTASTICO+MOSTRA+COMO+FUNCIONA+O+SUBMUNDO+JOGO+DO+BICHO.html
# VEJA O VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=eMYIBXr-f7c
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