Supermercados: a “última fronteira” dos gastos mensais
Para muita gente, os gastos com supermercados representam a “caixa de Pandora” do orçamento doméstico. Ou seja, você sabe que gasta bastante com essa categoria de despesas, mas não sabe exatamente os motivos pelos quais gasta tanto.
De fato, dependendo do tamanho de sua família, e do tamanho de sua
renda familiar, os gastos mensais com comida, produtos de limpeza,
higiene pessoal etc., podem variar de 10% a 30% (ou mais) do orçamento
doméstico.
Não tenho dúvidas em afirmar que os gastos com mercados
representam uma das maiores despesas anualizadas de qualquer orçamento
doméstico, e, portanto, ele deve ser objeto de rigoroso controle. Ele
foi listado, inclusive, como a quarta maior categoria de despesa
anualizada, nesse post aqui. Logo, controlar as despesas com mercados é estritamente necessário. Mas como realizar esse controle de modo eficiente?
Abordarei nesse artigo 7 dicas que funcionaram – e ainda funcionam –
muito bem para mim, no controle dessa importante despesa mensal.
Utilizadas em conjunto, essas dicas fizeram com que eu
conseguisse baixar a despesa mensal com essa categoria de gastos em mais
de 30%. Utilizar essas dicas lhe permitirá também ter bastante sucesso
na efetiva baixa dessa despesa mensal que consome tanto da renda das
famílias brasileiras. Vamos lá!?
1. Memorize os preços de referência
Você sabe quanto custa o quilo do tomate? E o preço de um
ovo? Um maço de alface crespo custa quanto? O que é mais barato: comprar
um galão de 3 litros de água sanitária por R$ 3,99, ou um galão de 5
litros vendido por R$ 6,25?
Já dizia Mauro Halfeld que tudo o que é medido é mais bem controlado,
e você não terá sucesso em baixar os gastos com supermercados se não
souber se aquilo que está comprando, pelo preço que está pagando, é caro ou barato.
Um produto será caro ou barato se houver um preço de referência para ele. Ou seja, a análise será necessariamente comparativa.
Essa é a dica mais importante em se tratando de economia doméstica no
mercado, porque é a partir dela que derivam todas as demais dicas: você precisa saber os preços de referência. Você precisa memorizar e ter na cabeça e no papel os números exatos daquilo que você costuma comprar no mercado.
Quanto mais preços de referência você memorizar, mais eficientes
serão suas economias com supermercados. Cada centavo conta,
literalmente, pois 25 centavos a menos a menos aqui, R$ 1,40 a menos
ali, R$ 2,33 economizados em outro canto, no final das contas,
resultarão em milhares de reais economizados ao final de um ano inteiro
de compras em supermercados.
Repito: cada centavo conta. Se no Assaí o preço médio do iogurte
Danone 900g está saindo por R$ 7,98, e no Extra o mesmíssimo produto
está saindo por R$ 9,27; e você costuma tomar um iogurte desses por
semana, ao final de 52 semanas, você terá economizado R$ 67,08, se você fizer a compra desse item no local mais barato.
Centavos economizados regularmente viram, ao final de um ano, dezenas
de reais. E dezenas de reais economizados com diversos produtos viram,
também no final de um ano, centenas, e talvez até milhares de reais.
Normalmente, só costumamos prestar mais atenção nos itens
individualmente mais caros: o preço da alcatra; o preço do pacote de
sabão em pó; o custo de uma bandeja de tilápia etc. Mas é fundamental,
se você quiser baixar os gastos com mercados, saber os preços de
referência da maior quantidade possível de itens.
2. Habitue-se a novos locais de compra
Essa é a parte chata da nova estratégia de gastos em supermercados:
você não conseguirá fazer todas as compras num único mercado. É bem
provável que você tenha que circular por 3 a 5 mercados para conseguir
fazer uma lista de compras decente a preços mais baixos. Vale a pena?
Na minha experiência pessoal, sim: o inevitável aumento de gasto de
tempo, indo a mais mercados, acaba sendo compensado pelas economias
geradas encontrando os produtos mais baratos nos supermercados mais
baratos.
Com o tempo, e com o aprimoramento de suas pesquisas, você vai
conseguindo detectar certos “padrões” de economia: o supermercado “x” é o
melhor para comprar carnes e frangos; o supermercado “y” tem os
produtos de limpeza mais em conta; as frutas e legumes valem mais a pena
serem compradas no supermercado “Z”, e assim por diante.
Ruim? Não necessariamente. Como eu já disse num texto clássico do blog, o ótimo é inimigo do bom.
O ideal seria que todos os produtos mais baratos fossem concentrados
num só supermercado; mas essa solução “ótima”, se é boa em termos de
economia de tempo, não é assim tão positiva em termos de economia de
dinheiro. Pense e pondere: a economia de tempo comprando tudo num só
lugar justifica o excesso de dinheiro que você estará gastando ao
abdicar de comprar mais barato, em diferentes locais?
Por outro lado, o aumento do gasto de tempo também tem seus limites:
por exemplo, não valeria a pena ir para o supermercado que fica do
outro lado da cidade apenas pra comprar duas caixas de sabão em pó em
promoção.
Nem 8, e nem 80 e, por isso, fique no meio termo: selecione
uma quantidade limitada de supermercados para fazer suas compras, e
atenha-se a eles.
3. Aproveite os panfletos e os encartes. Não os ignore.
Ao chegar no supermercado, pegue o encarte das promoções. Se você
estiver dirigindo pela cidade, e alguma pessoa na rua com a camisa do
supermercado estiver distribuindo os panfletos enquanto o sinal estiver
vermelho, aproveite para pegar um desses encartes.
Não desperdice essas oportunidades de economizar ainda mais,
pois pode ser que o produto que você já estava planejando comprar, ao
ir naquele supermercado sabidamente mais barato, pode estar ainda mais barato.
Audaces fortuna juvat – “A sorte protege os audazes”
já diria Virgílio, em tempos de outrora. O que Virgílio não imaginava
era a existência de audazes até em locais insuspeitos como…
supermercados……rsrsrs
Só tome cuidado com as datas de validade, principalmente as dos
produtos perecíveis. Uma vez, fiquei tentado a comprar uma caixa de 1
litro de leite desnatado que estava no encarte de uma dessas promoções,
e, ao me dirigir ao setor respectivo do supermercado, estranhei ao ver
literalmente dezenas e mais dezenas de caixas amontoadas, todas embaixo
de um cartaz anunciando em letras garrafais vermelhas o preço
promocional do dito cujo.
O produto não estava tendo saída? Não. Motivo: data de validade muito próxima.
É certo que muitos produtos dos panfletos não ficam próximos da data
de validade: isso é mais comum de ocorrer com produtos que não estão
anunciados no encarte, mas que têm certo destaque dentro do mercado.
Alguns mercados, inclusive, alertam os motivos pelos quais certo
produto está sendo comercializado a preço mais barato, em função da
proximidade da data de validade:
4. Troque os líquidos pelos sólidos
O sabonete líquido é prático e muito bom, mas também é muito caro.
O shampoo líquido também é muito bom, mas igualmente é muito caro. Condicionador, assim como o Frugal Simples disse certa vez no blog dele, sinceramente não sei pra quê serve…rsrs 😆
A solução? Troque os líquidos pelos sólidos. Compre sabonete em
barra; compre shampoo em barra. Eles são tão bons quanto os líquidos,
mas duram bem mais – além de serem, obviamente, mais baratos.
Talvez essa máxima não se aplique aos produtos de limpeza:
por exemplo, trocar o sabão em pó líquido pelo sólido talvez não redunde
numa economia significativa. É preciso fazer os testes em casa, e ver
qual solução é a mais recompensadora do ponto de vista financeiro.
5. Faça estoques com produtos super baratos com prazo de validade compatível
O amaciante de roupas que você costuma comprar está com 70% de desconto? Leve o máximo que puder.
Não titubeie: quando avistar um produto, que você costuma comprar de
modo recorrente, com um super desconto, leve o máximo que puder, a fim
de maximizar as economias com esse item, levando-se em consideração: (a)
o prazo de validade e (b) a capacidade física de armazenamento desse
produto (aspecto importante no caso de geladeiras).
Um exemplo pessoal: no começo desse ano, o quilo do peito de frango
sassami estava, numa promoção de encarte, saindo por 40% a menos do que o
preço normalmente praticado. Quarenta por cento!
Antes de ir fazer a “rapa” no mercado, eu olhei para o freezer da geladeira, e fiz um cálculo pormenorizado
de quantas bandejas de frango caberiam ali. O resto é história….rsrsrs
😆 (depois dessa história, fiquei avaliando se não era o caso de comprar
um freezer do tamanho de uma geladeira pra fazer um estoque maior,
aceito sugestões na caixa de comentários….rsrs).
Mas você vai ficar enjoado de tanto comer frango! – diriam alguns.
Minha resposta:
Eu fico enjoado é de perder dinheiro!
6. Compre o mais barato possível, se isso não lhe incomodar
“Gosto é gosto, e isso não se discute”, já diz o ditado popular, mas,
no caso de certos itens de compras no mercado, eu vou direto para o
produto o mais barato possível. Arroz, feijão, óleo, macarrão,
guardanapo, papel-filme, creme de leite, desinfetante etc., eu não faço
questão de marca: vejo aquele pacote que está mais barato, e vou direto
nele.
Muitos diriam que essa dica #6 seria até óbvia, afinal, se é para
economizar, você deve comprar o mais barato possível, não é mesmo?
Não. O problema é que muitas pessoas têm vergonha de
comprar o produto mais barato, ou de ir no mercado mais barato. Elas
criam travas mentais para si mesmas, e não “admitem” comprar um produto
mais barato, achando que isso pode lhe trazer algum tipo de prejuízo.
É certo que em alguns casos o produto mais barato pode estar com data
de validade próxima, como destacado acima, mas é preciso romper com
essa verdadeira “mentalidade de classe média” achando que é preciso
“comprar como rico”. Aliás, muito pelo contrário: eu já disse aqui no
blog que os milionários têm como hábito justamente o de pechinchar e
otimizar seus gastos diários, o que inclui, obviamente, os gastos com
supermercados (post aqui). Na blogosfera financeira, temos inclusive o exemplo real de um milionário – o Frugal Simples – que adora uma pechincha em supermercado. 😉
Existe uma tática para conhecer os produtos mais baratos: em geral, eles não
estão na altura dos seus olhos, ou seja, eles costumam estar na parte
inferior das prateleiras, exigindo que você se agache para localizá-los –
que faça um esforço adicional para localizá-los (estratégia pura de
marketing dos supermercados, lei do menor esforço para produtos mais
caros ou que o mercado quer que você compre; lei do maior esforço para
produtos mais baratos).
Outra alternativa é, no olhômetro, buscar onde estão as
prateleiras mais vazias: onde restarem só quatro ou cinco itens daquele
produto, é precisamente ali que estará o produto mais barato – e que vai
esgotar mais rapidamente (aliás, já está se esgotando).
Substitua marcas caras por marcas mais baratas; aliás, os próprios
supermercados costumam fabricar alguns produtos que, obviamente,
apresentam um preço mais em conta.
Agora, para outros itens, eu já prefiro comprar qualidade, relevando o preço a segundo plano.
Um exemplo clássico são algumas frutas, verduras e legumes, que eu
prefiro comprar em feira livre, do que em mercados. É uma luta conseguir
encontrar tomates não machucados ou alfaces não murchas em mercados; em
feiras, tais produtos são mais frescos e em melhores condições, embora
mais caros, sendo que ainda é possível negociar preços com os feirantes.
Nesses casos, eu vou pela qualidade.
Novamente aqui aplico a âncora mental do ótimo é inimigo do bom:
o ótimo seria comprar tudo, absolutamente tudo, o mais barato possível;
mas, nesses casos, eu prefiro a solução “boa” (comprar produtos
melhores a preços ainda que mais caros eventualmente) do que a solução
“ótima” (tudo mais barato).
7. Produtos perecíveis exigem um planejamento semanal
Além de conhecer os preços de todos os produtos que você vai
consumir; é preciso conhecer os seus hábitos de consumo acerca desses
mesmos produtos. Objetivo? Evitar o desperdício.
Que atire a primeira banana quem nunca comprou um cacho de bananas
que, após uma semana, não conseguiu aproveitá-las todas. Você já viu um
pão francês ficar inutilizável após comprar seis ou sete? Ou um pote de
requeijão ficar com um resto inutilizável após ficar meses adormecendo
em berço esplêndido na geladeira?
“Conhece-te a ti mesmo”, já dizia o provérbio popular; mas, mais
importante do que isso é conhecer seus próprios hábitos de consumo, em
termos temporais, a fim de evitar gastos desnecessários de dinheiro com
sobras de comida inaproveitáveis.
Dinheiro economizado é dinheiro no bolso
Racionalizar, controlar e baixar as despesas mensais com mercados lhe dará um benefício tangível imediato: dinheiro. E, a médio e longo prazo, te fará ter muito dinheiro.
Quem gastava, em 2016, uma média de mil reais mensais com mercados e,
com as dicas acima enumeradas, conseguir baixar a despesa mensal para
R$ 700, irá ter R$ 300 a mais todo mês para investir.
Para você conseguir ter R$ 300 a mais todo mês, apenas como
fruto de investimentos financeiros, seria preciso ter um capital de
aproximadamente R$ 43 mil, pois esse capital, numa aplicação financeira
que rentabilize 0,7% ao mês líquido de taxas e impostos, rende
exatamente os R$ 300.
Se você já faz um orçamento doméstico, já conseguiu baixar todas as
outras despesas fixas, como conta de Internet, tarifas bancárias,
mensalidade de academia, restaurantes, combustível, manutenção de carro,
viagens; talvez seja hora de atacar a “última fronteira dos grandes
gastos”: compras de mercado. Você sabe quanto gasta por mês comprando
carne, frango e peixe? Quanto isso representa de seu orçamento
doméstico? É preciso saber.
E não só saber: controlar e limitar os gastos, bem como racionalizar e
planejar o consumo, da maior quantidade possível de itens. Só assim
você efetivamente conseguirá fazer sobrar dinheiro todo mês com essa
despesa importante de seu orçamento doméstico.
Controlar os gastos com mercados dá um enorme
trabalho, já que os preços das compras são pulverizados em centenas de
itens, você precisa memorizar os preços de vários e vários itens etc.,
mas a economia gerada com as estratégias de compras otimizadas compensa
largamente o trabalho extra que se tem.
Conclusão
Quem nunca fez um orçamento doméstico certamente se
surpreenderá com a porcentagem dos gastos destinados a supermercados:
ela normalmente é maior do que muita gente imagina.
E isso ocorre por um motivo bastante simples: são gastos
frequentes e recorrentes de compras de itens individualmente pequenos. É
um pacote de Pilão de R$ 4,99 aqui; é uma polpa de frutas de R$ 0,79
ali; é um guardanapo de R$ 2,57 acolá; é um quilo de tomate de R$ 4,50
ali; e assim por diante.
Individualmente considerados, os itens que compõem uma
despesa de mercado são, em sua maioria, pequenos, imperceptíveis, quase
insignificantes – à exceção, via de regra, das carnes, frangos e peixes
(ou seja, proteína animal), e dos produtos de limpeza e higiene pessoal.
Se você costuma fracionar suas compras de mercados indo aos
Extras, Assaís, Walmarts, Mercadoramas, Angelonis, Guanabaras, e Pães de
Açúcares da vida de duas a três vezes por semana, intercaladas com idas
esporádicas à padaria pra garantir aquele pão francês de última hora (e
mais uma coisinha que faltou), você então terá várias compras sendo
lançadas ao longo do mês de valores que provavelmente variam de R$ 7,28
(padaria) a R$ 405,27 (um final de semana mais abastecido e parrudo num
mercado).
Mas é preciso olhar o conjunto. Não basta ter o controle das despesas de supermercados, lançando-as na planilha de gastos: é preciso ir além, e ter a sensação
de controle, estabelecendo um limite máximo de gastos para essa
categoria de gastos, e fazendo de tudo para que os gastos efetivos
fiquem dentro da meta estipulada pelo Banco Central por você mesmo no início do mês.
Considere duas dicas adicionais (bônus): DIY e atacarejos/clubes de compras.
DIY: faça você mesmo. Nessa semana recebi o email de uma leitora que
disse que passou a fabricar alguns produtos em casa, tais como
detergentes caseiros, e assim, conseguiu economizar um bom dinheiro.
E por quê não? Toda economia valerá a pena; e agir
assim não é importante apenas pelo caixa mais parrudo que você faz ao
economizar dinheiro, mas principalmente pela mentalidade frugalista que
você cria ao adotar um estilo de vida mais minimalista.
Além disso, reflita também sobre a possibilidade de fazer
compras em atacarejos/clubes de compras; que vendem produtos em grandes
quantidades, mas a preços de referência menores.
Nos EUA, a Costco é muito lembrada nesse segmento de compras
baratas. No Brasil, não temos nenhuma marca equivalente – talvez o Sams
Club é o que mais se aproxime. Mas não custa você dar uma espiada e
fazer um teste, pra ver se financeiramente compensa, já que é preciso pagar uma anuidade em alguns desses locais para ter direito de fazer compras.
Uma coisa é certa: executar um planejamento detalhista
é essencial para reduzir os custos com gastos em supermercados. As
dicas acima enumeradas certamente tomarão mais tempo de você, mas, vai
por mim: a economia que essa estratégia lhe dará superará com folga os
eventuais custos adicionais em termos de gastos de tempo e de energia.
Supermercado é uma coisa que vai te acompanhar pelo resto de
sua vida, então, nada mais natural do que tornar os gastos nessa
categoria do orçamento doméstico mais eficientes, não é mesmo? 😉
E você? Tem mais alguma dica de como economizar com supermercados?
FONTE: http://www.valoresreais.com/2017/06/19/7-dicas-para-baixar-os-gastos-mensais-com-supermercado-em-mais-de-30/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+ValoresReais+%28Valores+Reais%29